Conceito:
Economia circular é um modelo econômico quem tem seus moldes na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de matérias-primas e energia buscando fazer um melhor uso dos recursos naturais. Esse modelo surge como um contraponto ao modelo econômico linear, de extração de matéria-prima, transformação, uso e descarte de resíduos, que está se tornando insustentável.
Porquê uma economia circular?
A economia circular é um conceito baseado na inteligência da natureza e que se opõe ao processo produtivo da economia linear, onde os resíduos são insumos para a produção de novos produtos. No meio ambiente, restos de frutas consumidas por animais se decompõem e viram adubo para plantas. Esse conceito também é chamado de “cradle to cradle” (do berço ao berço), onde não existe a ideia de resíduo, e tudo serve continuamente de nutriente para um novo ciclo.
Inspirando-se nos mecanismos dos ecossistemas naturais, que gerem os recursos a longo prazo num processo contínuo de reabsorção e reciclagem, a Economia Circular promove um modelo económico reorganizado, através da coordenação dos sistemas de produção e consumo em circuitos fechados. Caracteriza-se como um processo dinâmico que exige compatibilidade técnica e económica (capacidades e atividades produtivas) mas que também requer igualmente enquadramento social e institucional (incentivos e valores).
Um novo modelo económico funcionando em circuitos fechados, catalisados pela inovação ao longo de toda a cadeia de valor, é defendido como uma solução alternativa para minimizar consumos de materiais e perdas de energia.
A natureza é a sustentação de toda a vida humana. O termo "capital natural" reforça o entendimento da vida não-humana como responsável pelos recursos básicos da economia de produção.
Em outras palavras, não são apenas as atividades humanas que produzem valor. A partir desse pensamento, percebe-se como a vida humana também é impactada pela destruição dos serviços ecossistêmicos.
Sendo assim, as atividades de produção humana dependem de capital natural. Logo, ao reaproveitar materiais, evitando uma nova retirada e conservando materiais para a produção por muito mais tempo, estamos aumentando o potencial de crescimento econômico sustentável.
Esse princípio seria o sinônimo de remanufatura, renovação e reciclagem para componentes e materiais continuarem circulando e contribuindo com a economia. O funcionamento prático deste princípio acontece através de ciclos biológicos ou ciclos técnicos
Ciclos Biológicos
Em ciclos biológicos, a reintegração segura de nutrientes biológicos na biosfera ocorre através da decomposição, a fim de transformá-los em valiosas matérias-primas para um novo ciclo. Os materiais são biodegradáveis ou obtidos a partir de matéria vegetal e retornam ao sistema por meio de processos como compostagem e digestão anaeróbica.
Dessa forma, no ciclo biológico, o processo natural da vida irá regenerar o material, com ou sem intervenção humana. Esses ciclos regeneram sistemas vivos fornecedores de recursos renováveis à economia.
Ciclos Técnicos
Nos ciclos técnicos, desde que haja energia suficiente, a intervenção do homem irá restaurar e recuperar produtos, componentes e materiais por meio de estratégias como reutilização, reparo, remanufatura ou (como último recurso) reciclagem. Essa ordem prioritária de reaproveitamento é escolhida pois menores circuitos internos (ex: reutilização, em vez de reciclagem) envolvem menos gasto energético.
Benefícios e potenciais impactos de uma Economia Circular
A economia circular distingue-se como um modelo focado na manutenção do valor de produtos e materiais durante o maior perído de tempo possível no ciclo económico.
Este modelo é entendido como fornecendo benefícios de curto prazo e oportunidades estratégicas de longo prazo face a desafios como:
Volatilidade no preço das matérias-primas e limitação dos riscos de fornecimento
Novas relações com o cliente, programas de retoma, novos modelos de negócio
Melhorar a competitividade da economia - “first mover advantages”
Contribuir para a conservação do capital natural, redução da emissões e resíduos e combate às alterações climáticas
Estima-se que as medidas de prevenção dos resíduos, conceção ecológica, reutilização e outras ações “circulares” poderão gerar poupanças líquidas de cerca de 600 mil milhões de euros às empresas da UE (cerca de 8% do total do seu volume de negócios anual), criando 170.000 empregos diretos no sector da gestão de resíduos e, ao mesmo tempo, viabilizando uma redução de 2 a 4% das emissões totais anuais de gases de efeito de estufa.
A Economia Circular é assim apresentada como um catalisador para a competitividade e inovação. Por exemplo, medidas que levem a uma recolha de cerca de 95% dos telemóveis na EU equivaleriam a uma poupança de mais de mil milhões de euros em custos de materiais de fabrico.
Fontes:
COM (2014), Para uma economia circular: Programa para acabar com os resíduos na europa. Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões
COM (2015), Fechar o ciclo–plano de ação da UE para a economia circular. Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões
EMF (2012), Towards the Circular Economy: economic and business rationale for an accelerated transition. Ellen MacArthur Foundation
WEF (2014), Towards the Circular Economy: Accelerating the scale-up across global supply chains